É a Lisboa que hoje vamos para lhe mostrar o projecto de reabilitação e reconstrução da Adega Machado. Fundado em 1937, o espaço faz parte do património do Fado da cidade, sendo uma das principais casas onde esta tradição se canta, tendo já por lá passado grandes nomes do Fado, facto ilustrado pelas inúmeras fotografias que forram todas as paredes, a par de figuras de relevo de Portugal e do resto do mundo.
Com a evolução dos padrões e exigências de funcionamento dos estabelecimentos de restauração e com o natural evoluir do serviço prestado nas casas de Fado, tornou-se impreterível reorganizar a Adega Machado para, também assim, se prolongar a tradição e para que novos clientes, portugueses ou estrangeiros, possam desfrutar do que o estabelecimento oferece.
O projecto é da autoria do arquitecto Luís Candeias cujo portefólio pode conhecer aqui e aqui.
O projecto abrangeu a total reabilitação e reconstrução do espaço com vista à criação de condições para que as suas diferentes vertentes pudessem coexistir em harmonia: são elas o espaço de restaurante, a casa de fados, o espaço de wine bar (com local de vendas de alguns produtos de gastronomia) e, ainda, uma pequena zona de divulgação turística onde o visitante pode recolher informação sobre o Fado, o Bairro Alto e a cidade de Lisboa. O resultado é um espaço contemporâneo que tem a qualidade, a tradição e a cultura da cidade como pedras basilares.
A sala de refeições é um espaço aconchegante onde as paredes pintadas com um refrescante tom de verde se encontram com a rusticidade das lajes de pedra, o pano de fundo perfeito para este ambiente onde tradição e modernidade se tocam. A iluminação bem estudada garante o conforto e o intimismo da sala e põe em evidência os quadros que contextualizam os visitantes.
No piso inferior, situa-se a sala de fadistagem onde as paredes decoradas com quadros são também recortadas por vitrines que emolduram fotografias.
No bar da sala de refeições do piso térreo, as paredes revestidas com pequenos azulejos pretos remetem-nos ao estilo industrial onde este material aparece amiúde. O friso LED que contorna o balcão realça o azulejo que o reveste e empresta uma dimensão mais moderna à Adega e a esta zona em específico – o bar – demarcando-a, de algum modo, em relação à sala de refeições, esta última com uma estética mais clássica.
O corredor de acesso à sala de fadistagem, como se do prólogo de um livro se tratasse, é percorrido por um mural alusivo aos fadistas que actuaram na Adega Machado ao longo dos anos. Mais do que um restaurante, esta é uma casa onde se respira Fado e é para isso que aponta cada detalhe que a compõe.
Terminamos na fachada principal da Adega Machado, um dos painéis de azulejos mais fotografados da cidade de Lisboa. Quem por aqui passa, ao calcorrear a cidade, não ficará, seguramente, indiferente às cores e à geometria divertida destes azulejos que convidam a entrar e a querer saber mais.
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Em baixo, deixamos-lhe os contactos do atelier: