Numa perspectiva de preservar o património português, a construção em alvenaria de pedra, encontramos este projecto de reabilitação e requalificação de ruínas de pedra. Neste edifício datado de 1937 procurou-se manter a herança cultural e arquitectónica, transformando-o com pequenas alterações e ajustes numa habitação unifamiliar contemporânea. Foi definido inicialmente com fundamental da reabilitação dois pontos: tirar o máximo partido da exposição solar e orientar as vistas para a potencial paisagem. Grande parte do programa localiza-se então nos espaços habitáveis localizados preferencialmente no quadrante Sul, relacionando e integrando a pré-existência com o novo edificado de forma equilibrada e em sintonia com o terreno.
Trata.se de uma moradia implantada em Face, Distrito de Braça, com dimensões totais de 350 m². Os profissionais responsáveis por este projecto são os arquitectos Cristina Vaz Santos e Paulo Rodrigues que formam o atelier Em Paralelo, sediado no Porto. Conheça os seus trabalhos e em especial este que a baixo lhe mostramos.
Este é o alçado principal da casa. A entrada principal é tida pelo volume saliente revestido a madeira que podemos ver na imagem e que contorna o piso térreo quase na sua íntegra. Uma zona de canteiro antecede a entrada na habitação e prevê um passadiço em pedra, facilitando o ingresso.
Sem dúvida que esta casa transmite, logo à partir desde o exterior, uma harmonia e equilíbrio incríveis, evidenciados pela simbiose perfeita na escolha de materiais e pela forma perfeita como foram conjugados os traços antigos das ruínas com uma arquitectura moderna e contemporânea.
Para percepcionar melhor o contexto da pré existência, mostramos-lhe apenas uma imagem que retrata todo o contexto ds implantação da casa. Tratava-se de um edifício muito antigo, abandonado e deixado ao aças. As ruínas de pedra bem como o espigueiro que se lê no primeiro foram a inspiração perfeita para esta equipa de profissionais.
Nestas imagens damos-lhe a conhecer outras perspectivas, ainda da zona de entrada. Aqui as principais intenções de projecto foram a preservação da materialidade pré-existente: pedra, ferro e madeira. As escadas que podemos ver na imagem da esquerda já existiam com tal configuração, tendo sofrido apenas trabalhos de restauro.
Na imagem da direita, ao fundo, podemos perceber a existência de um antiga eira. Esta foi também mantida enquanto espaço exterior à casa tendo o seu uso sido, obviamente alterado. Neste projecto prevê-se para esse espaço a existência de uma zona de lazer exterior que sirva de apoio à sala de estar.
Aproximando-nos da zona de entrada percebemos que este volume de madeira desenha ainda uma varanda em deck que complementa a zona privada dos quartos. A escolha deste material de revestimento, ripado de madeira, deve-se não só a uma questão de carácter estético mas também funcional, servindo de barreira contra a exposição solar de Sul.
A preservação da traça existente do antigo edifício é uma premissa bem patente nesta habitação. Esta proposição é bastante visível na forma como o muro de pedra, que podemos ver na fotografia a cima, rompe com a imponente fachada e entra para o interior através da abertura de um vão de maiores dimensões. Especialmente este muro irá dividir no interior da habitação a sala de estar da cozinha.
No alçado Norte da casa destaca-se um outro grande volume revestido a ripado de madeira. Este funciona como um prolongamento do volume da entrada do alçado Sul e assegura uma entrada de luz controlada no interior da habitação bem como a obstrução parcial da relação visual interior/exterior. As escadas de pedra que podemos ler à esquerda deste volume são uma entrada secundária de acesso à habitação.
Os interiores desenham-se da mesma forma encantadora e harmoniosa dos exteriores. O vão de aceso de escadas conta com uma altura tripla de pé direito livre onde um belíssimo rasgo de luz zenital se desenha no canto em plena continuação da parede.
O pavimento dos espaços de lazer interior é revestido a madeira conferindo o conforto desejado no interior de uma casa construída em alvenaria de pedra. À esquerda podemos perceber a localização central que toma a imponente lareira de linhas simples e rectas. À direita encontramos o plano aproximado de pormenor da forma subtil e delicada de como o muro exterior entra no interior da casa.