SONHÁMOS UMA CASA…
Uma casa que crescesse das suas raízes, que conquistasse o seu espaço entre o terreno que a alimenta, e o tronco próprio de uma árvore.
Uma casa que fosse uma árvore enraizada, que pudesse crescer, ganhar corpo, expressão e a sua própria identidade. Olhámos em volta e percebemos que entre a presença de oliveiras perfeitamente enraizadas na história daquele lugar e a morfologia do próprio terreno existia já um espaço próprio de seres vivos. Agora, o desafio era tentar tornar possível o habitar humano, neste interstício entre matéria e o raízoma de uma árvore.
Por entre memórias de uma criança que havia despertado para o mundo perto de ali, existia uma imagem ténue da extraordinária vila cardillium, sinal da outrora presença Romana. Mas nós não podíamos fazer uma casa em torno de um pátio, que raiva, perto de ali houvera um Arquitecto que pudera fazer uma casa em torno de um pátio.
Por entre memórias de uma criança que havia despertado para o mundo perto de ali, existia uma imagem ténue da extraordinária vila cardillium, sinal da outrora presença Romana. Mas nós não podíamos fazer uma casa em torno de um pátio, que raiva, perto de ali houvera um Arquitecto que pudera fazer uma casa em torno de um pátio.
Necessitávamos de fazer um muro, que cortasse a influência dos ventos de norte que sopravam gélidos, e permitisse gerar um habitar perene, os planaltos têm destas coisas.
Queríamos sobrepor as suas vivências num mesmo plano, converter o habitar dos espaços de estar, dormir, cozinhar, trabalhar, num mesmo espaço de sentido familiar, e ao mesmo tempo tão próximos e tão distantes.
Construímos um esqueleto capaz de albergar estas distintas vontades, e fizemos como muitos outros tinham feito anteriormente, colocámos uns planos verticais capazes de definir o espaço, de o orientar, de conferir-lhe escala, dobrámos esses mesmos planos no sentido horizontal para nos protegermos. Tentámos perceber se alguém lá poderia viver.
A vida contemporânea não se compadece com a existência de histórias da história.
Sonhámos uma casa para a Blimunda sete luas* e para o Baltazar sete sóis*.
Paulo Henrique Durão
* Saramago, José in Memorial do Covento, Editorial Caminho 1994
CLIENTE
Particular
LOCALIZAÇÃO
Liteiros, Torres Novas, Portugal
ESTADO
Construído
PROJECTO
2005
CONSTRUÇÃO
2007 . 2008
AUTORES
Paulo Henrique Durão
COLABORADORES
Daniel Gil Tomé
Jennifer Duarte
José Martins
ÁREAS
318 m2
SPECIALISTS
Model – Alexandre Calado
Structure – Eng Pedro Viegas
Constructor –Cruz, Neto e Branco Cons.
Mechanics – Rui Regnaud
Fotografia – Montserrat Zamorano Gañán