Esta casa, implantada sobre uma encosta com alta declividade e com uma
vegetação típica do cerrado, se situa em frente a uma reserva e se
volta para a vista das montanhas. Sua estratégia de implantação,
longitudinal às curvas de nível, é definida pela extensa laje de
cobertura, que se insere de forma fluida e livre de acordo com as
necessidades do programa e do terreno.
Em um primeiro momento a laje se apresenta como um elemento leve, que se
apoia em apenas dois pilares. Tem a função de marcar o acesso
principal e a garagem, e enquadrar o panorama que passeia entre a
vista espetacular das montanhas e o limite da área adensada de Belo
Horizonte. Mais adiante a laje se inclina para baixo, conectando-se
ao terraço onde estão a piscina e um grande deck de madeira, e
definindo os usos do pavimento térreo. O deck acompanha todo o
percurso e inclinação da laje, sombreando-a e ocultando vigas
invertidas que a sustentam, dando leveza ao conjunto estrutural.
Não há barreiras ou cercas no pavimento térreo. Desta forma, a casa se
insere no contexto da vizinhança como um elemento leve e permeável,
em contraponto ao conjunto de cercas e muros usualmente utilizados em
condomínios. Esta estratégia transforma as laterais da casa em
pequenos corredores ecológicos, permitindo a livre circulação da
vida selvagem pelo terreno.
Os ambientes privativos da casa estão todos localizados no pavimento
abaixo do térreo. A sala se situa logo abaixo do segmento inclinado
da laje de cobertura, o que permite a entrada abundante de luz
natural no ambiente. De um lado da sala, grandes panos de vidro
permitem a vista das montanhas. Do outro lado, um único portão de
aço e vidro corre através da fachada, integrando a sala a um grande
platô gramado, o quintal da casa, envolto por um muro de arrimo de
pedra. A sala se transforma em uma grande varanda. O muro de pedra,
ao longo do tempo se converte em um ecossistema próprio, abrigando
abelhas, formigas, pássaros e lagartos.