A caracterização da envolvente ao lote reveste-se de aspectos claramente residenciais de média densidade em loteamento consolidado, apesar da sua situação de urbanidade tão próxima à Avenida da Boavista. A casa a reconstruir, de três frentes, pretende estabelecer ou restabelecer uma clara relação de integração volumétrica com as moradias imediatamente vizinhas, embora se pretenda, simultaneamente, uma certa autonomia formal e de relação com o terreno. Originalmente esta casa estabelecia uma relação de casa gémea da casa situada no lote a norte, que desapareceu quando esta foi alvo de uma intervenção semelhante. Neste momento pretende-se restabelecer uma relação, embora de natureza totalmente diversa – por oposição e continuidade. Por oposição na volumetria, que se pretende muito inferior e que estabelece uma referência directa à casa geminada com parede de meação existente no lote a sul, apenas com dois pisos, sendo um deles semi-enterrado; por continuidade através do rés-do-chão e dos materiais que o caracterizam. Na leitura perspéctica ao nível da rua (de norte para sul) será clara esta relação de continuidade da cota inferior, bem como da volumetria da construção em harmonia com a casa existente a sul, garantindo um excelente enquadramento do conjunto. A decisão que lhe garantirá a autonomia formal é a da sua implantação como casa-pátio, permitindo maiores zonas de estar no rés-do-chão e relações intimistas entre estas, os espaços exteriores da casa e o interior do quarteirão. Os alçados nascente e poente são, ao nível do piso superior, totalmente cegos e definidos por painéis de azulejos texturados e vidrados, tão característicos da cidade do Porto. O alçado poente cego justifica-se já que não devassando os lotes vizinhos, também impede a sua leitura desta cota superior bastante descaracterizada.
Fotografia: Luis Ferreira Alves e CORREIA/RAGAZZI