O terreno, ocupado anteriormente por uma construção
com algumas estruturas de apoio, incluindo um alpendre, alguns currais, um
armazém e um sequeiro, mantém a leitura de um tratamento anterior, que permitiu
a criação de um muro/talude em pedra que o subdivide em duas plataformas, sendo
uma delas plana e de nível, voltada para o interior do lote e sendo a segunda,
irregular e rampeada, interligando a primeira ao arruamento existente.
Estas plataformas insinuam também a existência de um espaço mais distanciado quer das construções vizinhas quer das relações visuais do espaço público adjacente, e de um outro que, até pela proximidade física se mostra apto a receber e relacionar-se com o arruamento.
A proposta resulta da manutenção do referido muro como elemento regulador de duas realidades físicas distintas, propondo também a criação de um elemento construído que acompanhe esta dicotomia e a assuma.
A habitação implanta-se algures sobre o muro, permitindo uma relação de semi-suspensão que valoriza uma certa dualidade entre a criação de uma imagem muito regular para o arruamento público e simultaneamente muito arbitrária para o interior do lote.
Permite assim uma distribuição funcional interna do tipo linear, resolvendo espaços de apoio de carácter funcional voltados ao logradouro a Nascente, apoiando como back-ground os espaços de permanência e de descanso/estar voltados a Poente.
Acentua por isso a relação visual intensa entre grande parte dos compartimentos habitáveis da casa com a paisagem, voltada a Poente e permite uma relação mais controlada dos vários espaços de serviço com o logradouro, a Nascente.
Resolve o espaço de garagem no alpendre resultante da elevação da casa ao mesmo tempo que resolve a questão da privacidade dos referidos compartimentos em relação ao arruamento.
Procura, na essência, um correcto posicionamento que simplifique e melhore as relações funcionais e distributivas com as condicionantes físicas do lugar.