-Enquadramento geral da casa
A casa Godiiva
, situa-se numa Arquitectura Racional, onde o rigor do
desenho associado ao emprego de geométricas simples (puras), utilização
de materiais nobres e novos métodos construtivos, dão origem a um objecto
arquitectónico dinâmico no qual o rigor do detalhe construtivo e a forma
artística derivam de um método assente no constante dialogo entre forma e
função.
“A casa, uma casa, a própria casa.
Num determinado espaço apetece dormir.
Noutro apetece comer ou estar acompanhado.
A casa representa um espaço com qualidade mesmo para outra pessoa.”
Louis Kahn
-Premissas-base do projeto
As premissas deste trabalho tinham como base a criação de um objecto arquitectónico
contemporâneo e sustentável, onde a fácil vivência espacial, associada a uma constante
dialogo interior/exterior
, desse origem a uma habitação destinada a dois utentes com
mobilidade reduzida.
-Sustentabilidade energética
A Sustentabilidade energética deste edificio pode dividir-se em 3 capítulos:
- SOLUÇÕES TÉRMICAS PASSIVAS- utilização de sistema ETICS (Sistema de Isolamento Térmico pelo exterior); correcção de pontes térmicas desde as fundações até á cobertura; utilização de caixilharia com coeficiente de rotura térmica bastante elevado, vidro duplo com rotura térmica e filtros UV.
- SOLUÇÕES TÉRMICAS ACTIVAS-O Sistema de Climatização (tendo em linha de conta os cortes / ganhos térmicos da envolvente) e de Produção de AQS – águas quentes sanitárias, tiveram como pressuposto para o seu dimensionamento a utilização de Energias Renováveis.
As AQS são geradas por meio de sistema Solar
Térmico integrado, desviando-se os eventuais excessos pontualmente não consumidos por meio da sua descarga em outro Depósito – Inércia – o qual alimenta o Aquecimento Central e Piscina terapêutica interior.
O Aquecimento Central é obtido por via de conjunto Bombas de Calor/ Termodinâmico ar-água de elevado COP (coeficiente de perfomance), realizando-se a sua permuta para o referido Depósito de Inércia. Este sistema providencia desta forma as calorias necessárias ao aquecimento das várias divisões, sendo a irradiação feita por Piso Radiante hidráulico controlado termostaticamente – geral ou individualizado.
Em termos globais, através de uma gestão equilibrada dos equipamentos/ variáveis em presença, conseguiu-se uma desalocagem significativa de energia primária não renovável, situação que permitiu à moradia, Peritada oficialmente, atingir Certificação Energética máxima – A +.
Acresce que foi igualmente acautelada a preparação de infra-estrutura tendente a permitir a produção de frio ambiente, este a ser veículado por equipamento de expansão directa a insuflar através de condutas de baixa pressão estática.
-Organização espacial da intervenção
Implantação_
Num lote de desenho triangular, dois corpos rectangulares interligados por um volume central de forma quadrangular (charneira), são direccionados segundo os limites impostos pelos alinhamentos camarárias, materializando o desenho de uma habitação unifamiliar.
Organização espacial_
Este objecto arquitectónico é composto por três contentores de diferentes dimensões.
O contentor Sul é destinado a albergar os espaços privados da habitação (quartos; suites).
Este volume, é rasgado no seu alçado Sul, para um espaço
exterior de estar e circular, que tem como objectivo principal criar a fronteira
do imediato contacto (quarto/ jardim), e aproxima a cota baixa da cota alta.
Como se trata- se de um Foyer
exterior, ao ar livre.
O contentor Norte recebe os espaços sociais da casa (semi-publico). composto por sala principal, sala de refeições e cozinha.
Este contentor rasgado por vãos de grandes dimensões, é dependente da constante relação exterior/interior, independentemente da forma directa ou indirecta que alcançamos os seus espaços.
Este volume orientado para o infinito… .. , tem a pretensão
de ser o camarote central da cena
de um palco exterior, verde.
O contentor central de menor dimensão, é o elemento nobre e principal de toda a organização formal e espacial deste objecto arquitectónico.
Ele é a charneira. Ele é o elemento de chegada e partida. Ele é o elemento de interligação da cota baixa á alta.
Ele é o centro do edificio.
O conjunto de espaços que formalizam o piso inferior, são na sua globalidade destinados a albergar todo o equipamento de tratamento ao qual os utentes estão sujeitos diariamente (tanque de hidroterapia, salas de fisioterapia), assim como espaço destinado a receber as complexas instalações mecânicas que esta habitação está sujeita, e dar resposta ás exigências de uma forma o mais sustentável possível.
-Soluções arquitetónicas a destacar
O desenho dos espaços que compõem esta peça arquitectónica tem como essência um constante e sempre presente dialogo entre os espaços interiores e exteriores, onde a natureza de cada um consiga reflectir o que ele quer sér.
Os espaços interiores independentemente da sua função combinam-se com o espaço exterior de jardim para os quais se abrem de modo directo ou indirecto a sugerir a sua própria função.
O jardim é desenhado como se tratasse de um conjunto de espaços interiores, de estar ou circular, sem tecto.
A constante presença de luz natural a inundar os espaços interiores nas varias horas de exposição solar, vem materializar e enriquecer a peça arquitectónica, através de um constante e interessante jogo de claro e escuro, (luz e sombra).
Esta peça arquitectónica destinada ao habitar, reflecte uma forma muito singular de viver e caminhar no mundo por parte dos seus utentes.